É importante sabermos a relação entre Medicina Humana e Medicina Veterinária, pois muitas das questões de saúde que afetam os seres humanos também afetam os animais e vice-versa. Entenda mais, neste artigo!
1/12/2023
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O campo da saúde é muito mais amplo do que a maioria das pessoas se dá conta. Não se trata apenas de identificar sintomas e receitar remédios, mas sim ter uma visão holística sobre o paciente, considerando o contexto em que uma pessoa vive. E um dos maiores exemplos disso é a aproximação entre a Medicina Humana e a Medicina Veterinária.
Mesmo que as duas disciplinas sejam separadas, faz todo o sentido pensar na saúde dos animais e dos seres humanos como duas coisas relacionadas. Muitos tratamentos para pessoas surgiram a partir de estudos em animais ou da compreensão de sua anatomia.
Acompanhe e entenda melhor a relação entre Medicina Humana e Medicina Veterinária e como as duas andam juntas para salvar vidas.
A Medicina é uma área em constante evolução, além de ter ampla demanda de toda a população. À medida que novas doenças surgem ou se modificam, médicos e cientistas precisam desenvolver novos tratamentos e medidas de prevenção.
O mesmo se aplica ao tratamento de animais. O exemplo mais claro é a aplicação da Medicina Veterinária pós-pandemia, que se adaptou ao trabalho remoto e a necessidades mais específicas.
É bom lembrar que muitas das questões de saúde que afetam os seres humanos também afetam os animais. Toxinas, qualidade da água, infecções, parasitas, entre outros fatores de saúde pública, são relevantes para todos os seres vivos. Cuidar dos animais também é uma questão para a saúde humana e vice-versa.
A partir dessa ideia, surgiu o conceito de Saúde Única, ou One Health, proposto em 2008 pela Organização Mundial de Saúde (OMS), pela Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) e pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Seguindo esse princípio, a saúde pública deve estabelecer suas políticas tendo em mente não apenas o bem-estar humano, mas também o dos animais e do meio-ambiente.
A implementação da Saúde Única como uma política pública tem um papel fundamental no bem-estar da população humana e animal. Veja aqui alguns de seus principais focos.
As zoonoses são doenças que são transmitidas entre humanos e animais, ou seja, nas quais ambos são possíveis hospedeiros ou a parte do ciclo de vida da doença se passa no corpo de um animal. Isso significa que, quando a população animal de uma região fica exposta a essa doença, os seres humanos também ficam vulneráveis.
Dentro da saúde única, a Medicina Humana e a Medicina Veterinária trabalham juntas para prevenir a propagação dessas doenças. É uma questão fundamental para o bem-estar público, prevenindo epidemias.
Como já mencionamos, a anatomia dos seres humanos é bem similar à de vários animais, principalmente outros mamíferos. Por isso é possível prever a efetividade de certos tratamentos ou o desenvolvimento de doenças estudando a biologia animal. É o caso de boa parte dos estudos em laboratórios.
Isso significa que os estudos da Medicina Veterinária também são aproveitados nas pesquisas sobre seres humanos. Ambos os lados podem trocar conhecimento e progredir na implementação de novos tratamentos.
Um ponto com o qual ambos os campos estão preocupados é a propagação de doenças. Um dos maiores perigos de várias infecções não está nos sintomas em si, mas sim no quão rápido elas se espalham. Se o número de pacientes for muito grande, dificilmente a infraestrutura de saúde pública consegue fazer um tratamento adequado.
Por isso é importante investir em estudos e prevenção. Entender como certas doenças ocorrem e se espalham em diferentes áreas ajuda na criação de políticas públicas mais eficientes.
A importância da Saúde Única é bem visível hoje. Como exemplo, separamos aqui alguns casos bem recentes que mostram como a Medicina Humana e a Medicina Veterinária podem trabalhar juntas para proteger a população e salvar vidas.
A cidade de Campinas, no estado de São Paulo, sofreu com um grande surto de Febre Maculosa em 2023. Essa doença causa inflamação nos vasos sanguíneos com vários graus de intensidade, além de ser fácil de confundir com outras doenças, o que dificulta seu diagnóstico.
Essa doença é endêmica no sudeste do Brasil, ou seja, ela ocorre repetidas vezes em uma região, normalmente sem aumento significativo no número de casos. Porém, sua taxa de letalidade é alta, chegando a 50%.
É uma doença mais comum no campo, pois é transmitida por carrapatos, que são mais numerosos em áreas rurais. E esses carrapatos também costumam se agarrar a animais, principalmente gado e cavalos, mas também em cães domésticos.
Como essa doença afeta tanto seres humanos como animais, é importante se atentar à sua prevenção de forma mais ampla. Impedir sua propagação entre animais domésticos e de rebanho, por exemplo, é um fator para minimizar sua incidência.
A cidade de São Paulo teve também em 2023 o maior número de casos de raiva canina desde 1983. É uma doença comum, mantida sob controle graças aos esforços de vacinação e de controle da população canina. A maioria dos surtos ocorrem com a introdução de uma nova variante do vírus da raiva, como ocorreu em 2011, com uma variante transmitida por morcegos.
A raiva afeta humanos e é transmitida por meio da saliva de animais infectados e causa agressividade, o que aumenta o risco de transmissão. Por isso há tantas campanhas incentivando a população a vacinar seus animais de estimação, além de campanhas públicas para fazer a vacinação de animais de rua e em abrigos.
Medicina Humana e Medicina Veterinária são complementares
Como você pode ver, a Medicina Humana e a Medicina Veterinária são complementares tanto na pesquisa científica quanto na elaboração de políticas públicas. Além de terem muitas doenças em comum, humanos e animais também partilham o mesmo ambiente e recursos. Cuidar bem de ambos os grupos é fundamental para promover sua saúde.